sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Visita inesperada

Ontem, tinha acabado de desligar o computador e preparava-me para ir descansar, devia ser 23:30, quando recebo uma chamada de uma amiga especial… tinha a voz perturbada e embargada em lágrimas, disse-me:

- Nelson, hoje preciso de calor humano.

Eu disse-lhe:

-Ok… anda cá dormir.

Compreendi o que se passava, já a conheço muito bem, crescemos juntos, somos amigos desde a infância, foi com ela que descobrimos mutuamente as brincadeiras (pouco) inocentes que fazemos em criança e foi com ela que descobrimos juntos os detalhes da sexualidade na adolescência, conheço-a extremamente bem, por dentro e por fora. Nunca namorámos… talvez por isso temos uma ligação mais forte e nos momentos de fraqueza procuramos a companhia um do outro, alguma coisa de grave se passava.
Sentei-me na sala e fui fazendo zapping aos canais enquanto esperava por ela, deduzia o que teria acontecido… um desgosto amoroso, chegou passado 30minutos, agarrámo-nos durante algum tempo chorou inconsolavelmente no meu ombro, comoveu-me ver o sofrimento dela… quando acalmou um pouco, perguntei-lhe o que aconteceu ela disse-me que o marido a tinha deixado à 3 dias e que ela não aguentava mais a solidão… Voltámos a agarrar-nos fortemente, ela voltou a chorar inconsolavelmente, eu respirei fundo afaguei-lhe o cabelo enquanto a raiva contra quem lhe tinha feito mal ia crescendo dentro de mim… ela não merecia.
Levei-a para a sala, sentámo-nos no sofá, ela deitou a cabeça no meu colo, afaguei suavemente o seu cabelo aloirado enquanto lhe acariciava o rosto, suave como sempre, perguntei-lhe se queria falar, ela respondeu:

-Hoje não.

E aninhou-se mais no sofá e no meu colo, contemplei a candura da sua pele enquanto lhe afagava o rosto e o cabelo, as memórias de outros tempos de juventude voltavam à minha cabeça… por fim adormeceu no meu colo, quando senti o seu respirar profundo, peguei nela ao colo e levei-a para a minha cama, deitei-a… deitei-me também, aconcheguei os cobertores olhei pela ultima vez para o relógio era 1:45… adormeci com ela bem aconchegada a mim.
Hoje quando acordei, levantei-me sem fazer barulho, para não a acordar, fiz a minha rotina matinal e escrevi uma nota à empregada para não fazer barulho, beijei-a na testa e saí para ir trabalhar, não me sai da cabeça o estado em que ela chegou a minha casa, como é que alguém pode ser tão frio e cruel com alguém tão doce e meiga.
Ela é pequena e franzina, nos nossos tempos de juventude lembro-me perfeitamente de ter problemas a entrar nas discotecas porque diziam que era menor e o BI dela era falso!
E ela tinha 25 anos!

O mais estranho de tudo é que eu também me divorciei recentemente, embora o meu divórcio fosse diferente, já estávamos separados à algum tempo.

Apesar de estilos de vida diferentes, as nossas vidas e destinos continuam a cruzar-se aos 37 anos! Como é possível?